Assassino do ator de Chiquititas abre o jogo e diz o que sente

Julgamento de Paulo Cupertino: O Caso que Chocou o Brasil Volta aos Tribunais
O Brasil parou em 2019 diante de uma tragédia familiar que se transformou em um dos crimes mais midiáticos da década. Agora, mais de cinco anos depois, Paulo Cupertino Matias finalmente encara o júri popular, acusado de executar o ator Rafael Miguel e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, em um crime brutal movido por intolerância, controle e ódio.
13 tiros, zero chances: o dia em que três vidas foram ceifadas
Na tarde de 9 de junho de 2019, o cenário era comum: um jovem casal se encontraria com os pais para conversar, esclarecer e avançar em uma relação amorosa. Mas o que parecia ser apenas mais um domingo tranquilo, terminou em horror. Em frente à residência da jovem Isabela Tibcherani, então namorada de Rafael, Paulo Cupertino disparou 13 vezes contra o ator e seus pais, que não tiveram qualquer chance de defesa.
Câmeras de segurança registraram o momento do ataque e a rápida fuga do acusado. A frieza e a precisão do crime escancararam o perfil calculista de Cupertino, que sumiu por quase três anos após o assassinato.
A filha em lágrimas: depoimento expõe o perfil controlador do pai
No tribunal, nesta quinta-feira (29), o silêncio deu lugar à dor. A primeira a depor foi Isabela, filha do acusado, cuja voz embargada e palavras emocionadas revelaram a dimensão do abuso psicológico vivido em casa. Ela descreveu o pai como controlador, explosivo e intolerante, especialmente em relação ao seu namoro com Rafael.
Ao lado da filha, a mãe, Vanessa Tibcherani, também prestou depoimento e reforçou a imagem de um homem violento e misógino. Ambas chamaram Cupertino de “mentiroso compulsivo”, e suas declarações foram cruciais para o desenrolar do julgamento, que deve se estender até sexta-feira (30).
Amigos cúmplices? Julgamento inclui réus por acobertamento e fuga
Além de Cupertino, outros dois nomes estão no banco dos réus: Eduardo José Machado e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, amigos próximos do acusado, são apontados como facilitadores da fuga após o crime. A dupla, atualmente em liberdade, responde por auxílio na ocultação do paradeiro de Cupertino durante o período em que ele esteve foragido.
O acusado foi capturado somente em maio de 2022, escondido em um hotel de São Paulo, utilizando identidade falsa. Apesar de negar publicamente o crime em entrevistas anteriores, ele permaneceu em silêncio diante da Justiça, optando por não responder às acusações no tribunal.
Justiça em curso: expectativa de condenação por triplo homicídio qualificado
O júri é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza e composto por sete jurados – quatro mulheres e três homens. O promotor Thiago Marin sustenta a acusação de triplo homicídio duplamente qualificado, fundamentado em motivo torpe e impossibilidade de defesa das vítimas.
A sentença poderá representar um marco na luta por justiça e responsabilização em casos de feminicídio indireto, intolerância e violência familiar. O Brasil agora aguarda, atento, por um desfecho à altura da brutalidade do crime.